Planejamento Financeiro - Léo Mota
Planejamento Financeiro - Léo Mota

Já Ouviu Falar no DREX?

Nos últimos dias vimos falar muito no Drex e muitas dúvidas surgiram. Neste artigo irei tratar do tema por meio de uma linguagem simples e acessível para que todos possamos começar a entender sobre este novo meio de pagamento que está mundialmente sendo desenvolvido.

Inicialmente prevista para ser chamada de Real Digital, a nova moeda recebeu um novo nome – o Drex. O “d” e o “r” remetem ao Real Digital, o “e” remete ao eletrônico e o “x” pretende dar um tom de modernidade, conexão e escolha.

Junto com o Open Finance e o Pix, é mais um passo na modernização do sistema financeiro nacional.

Mas o que é o Drex?

O Drex é versão brasileira de moeda digital cujo projeto está sendo desenvolvido pelo Banco Central e deve ser lançado até o fim de 2024. A nova versão da moeda nacional muda uma economia baseada em contas para um modelo baseado em tokens[1] e pela qual será possível acompanhar nossa posição de crédito em todas as instituições, bem como utilizar o PIX e realizar outras transações.

Além de digitalizar a economia, ele proporcionará redução do custo com a criação e manutenção do papel-moeda.

A moeda vai estar disponível para todos, mas somente instituições financeiras terão acesso à moeda digital. Para nós somente na forma virtual/digital, convertendo Real em Drex.

O Drex é uma criptomoeda?

Parece, mas não é. As criptomoedas que conhecemos, a bitcoin por exemplo, são produzidas por uma rede pública, descentralizada e ofertada no seu código próprio. O Drex é uma alternativa a este modelo, tendo como principal diferença o fato de contar com existência de um órgão central e estatal por trás do projeto — no caso, o Banco Central e utilizará da criptografia para garantir e dar segurança às transações.

Drex x Bitcoin

O Bitcoin, como outras criptomoedas ainda são muito utilizadas como forma de investimento, uma reserva de valor, mas ainda muito tímida enquanto meio de pagamento.

O Drex por sua vez será mais seguro e regulado, contará com mais tecnologia, transparência, escala e privacidade no armazenamento de informações e com a possibilidade de ofertar a programação de operações tais como agendamentos e vinculação de uma transação à uma notificação de recebimento de um produto.

Em entrevista à EXAME, Guilherme Nazar, diretor-geral da corretora Binance no Brasil, opinou que a versão do Drex brasileira e as criptomoedas “conseguem conviver”, em especial devido ao tamanho do mercado de meios de pagamento e do potencial de usos para os dois tipos de moeda digital. “O mercado é grande, as usabilidades são muitas, serão muitas, e vão se multiplicar cada vez mais. Acho que dá para conviver”.

O Pix vai acabar?

O Drex não vai substituir o Pix, mas sim complementá-lo.

O Pix resolveu o problema de transações menores no varejo, especialmente o meio de transferência de recursos e já é mais utilizado do que TED, TEV, DOC e outros meios de pagamento por pessoas físicas e jurídicas.

Já o Drex, que será gerado em uma rede blockchain[2], o que não é o caso do Pix, ajudará também nas transações de atacado, com foco nas operações entre bancos, outras instituições financeiras e o Banco Central, realizando transferências e outras operações financeiras, como empréstimos, investimentos, pagamentos, entre outros, de forma mais rápida e barata, eliminando intermediários.

Com o uso do token será possível o fracionamento de ativos, o que deve, por exemplo, baratear os custos de investimentos e democratizar ainda mais o acesso aos benefícios da digitalização aos cidadãos e empreendedores.

Quem será responsável pelo Drex?

O Drex conta com a emissão, controle de circulação e garantia de paridade pelo Banco Central por meio das próprias reservas e emissões do banco, sendo que a expectativa é de que ele acompanhe o Real, tanto em cotação quanto em lastro, e atue apenas no ambiente virtual.

Sendo o único responsável por emitir o Drex, o Banco Central atuará nas negociações financeiras entre instituições e aos clientes destas dará acesso por meio de tokens.

Quais os desafios a serem superados?

Conforme matéria veiculada pela Exame, o FMI (Fundo Monetário Internacional) avalia que “tal transição precisaria ser gradual e complementada com mudanças na legislação e ambiente regulatório, para que os tokens cumpram suas funções de forma confiável sem prejudicar o consumidor, a estabilidade financeira e a integridade do mercado”.

Além disso pontos importantes estão sendo discutidos, entre eles a preocupação em zelar pela privacidade do usuário, a regulamentação/legalização do ecossistema, o preparo para uso em grande escala, bem como o risco de imagem decorrente de falhas.

E tudo são flores?

Se são, alguns especialistas apontam a existência de espinhos.

Leandro Ávila, em artigo publicado no Clube dos Poupadores[3], aponta alguns perigos no dinheiro digital, sobretudo por poder limitar as liberdades individuais em troca de mais segurança, de um mundo melhor, de evolução natural do sistema financeiro. Segundo ele “quem fica animado em entregar poder para os outros, são os que se beneficiam com isso e os tolos que não entendem o que estão fazendo”.

De forma global, ele relaciona preocupações com o excesso de poder e controle de políticos por meio dos bancos centrais, com fatores tais como a programabilidade; a limitação da guarda do dinheiro e da qualidade e quantidade do que consumimos; vigilância financeira sem precedentes; capacidade de restringir, limitar ou bloquear o uso do dinheiro digital; vulnerabilidade a ataques cibernéticos, fraudes e falhas técnicas; políticas monetárias irresponsáveis, resultando em inflação e instabilidade financeira; desestabilização do sistema bancário tradicional; erros de implementação com consequências econômicas impossíveis de prever; necessidade de dispositivos eletrônicos e conexão à internet para realizar transações pode criar uma nova forma de dependência e exclusão; mais controle sobre a oferta e a demanda de dinheiro pelos bancos centrais, poderia aumentar a sua influência política e econômica e diminuir a sua transparência e responsabilidade

Ele finaliza seu artigo com um alerta e uma reflexão… “o dinheiro digital irá permitir uma maior vigilância do governo sobre as transações financeiras de uma forma que jamais aconteceu na história. Pegue qualquer livro de história e veja o que acontece quando a maioria tola entrega muito poder para os políticos e depois reflita se isso vai dar certo no longo prazo.”

Fontes: Exame, Blockbr, Bacen e Clube dos Poupadores


[1] Dispositivo eletrônico gerador de senhas,

[2] Mecanismo de banco de dados avançado que armazena dados em blocos interligados em uma cadeia e permite o compartilhamento transparente de informações e realização de transações em uma rede pública, privada, híbrida ou consorciada.

[3] https://clubedospoupadores.com/economia/dinheiro-digital.html

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