O amor é lindo! Lembra das promessas do casamento? Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza… Só que não! Conversar sobre finanças é um tabu, não só no casamento, mas em muitas outras relações.
Levantamento do SPC Brasil e CNDL revelou que o dinheiro interfere muito mais na vida a dois do que imaginamos, sendo a principal razão não só para brigas intensas e graves nos relacionamentos, especialmente entre casados, mas também causa de mais de 50% dos divórcios.
A forma como os casais organizam as finanças e o excesso e forma como gastam o dinheiro foram citados como problemas por 37,5% das mulheres entrevistadas, enquanto 31,5% disseram ser a falta de dinheiro. Além disso, 33,3% delas disseram ter o hábito de esconder compras que realizam, principalmente roupas (11,5%), cosméticos (9,5%), comida (6,2%) e sapatos (5,4%).
Em outra frente, o levantamento da SERASA “A saúde financeira entre casais”, realizado entre 30 de maio e 5 de junho, apontou que para 52% dos brasileiros a situação financeira tem relação direta com a vida amorosa e que 19% disseram que já tiveram o nome negativado por causa de despesas do parceiro. Os principais motivos para aqueles que já romperam seus relacionamentos são: dificuldades de comunicação (41%) e problemas financeiros (27%).
Há algum tempo as mulheres, especialmente após adentrarem no mercado de trabalho, participam das decisões sobre o que fazer com o dinheiro da família. Isto já não pertence somente aos homens.
Na maioria das vezes, vimos que a palavra dinheiro soa como problema sem solução. De trocar um carro a comprar uma viagem, brigas podem acontecer. Isto é assim há séculos e já está passando da hora de mudar esta realidade
No início “meu bem”, no fim “meus bens”
Se antigamente os casamentos eram “para sempre”, na vida atual a relação dura, em média, 13 anos. Se antes havia um objetivo de construir um patrimônio comum, hoje a situação é diferente. A união está cada vez mais passageira, transitória, de curta duração, trazendo uma grande dose de individualismo e distanciamento.
Quando o assunto é dinheiro, tudo está sendo separado. Com prioridades distintas e sem diálogo sobre dinheiro, o esforço se coloca apenas nos desejos individuais. É o início do fim.
As pessoas evitam o assunto dinheiro até mesmo com amigos e familiares pois, no fundo, não sabem lidar e se relacionar com ele. Os mais abastados se silenciam por serem associados a poder, cobiça e inveja. Os menos abastados também se silenciam por sentirem-se inseguros, sem poder e com pouca capacidade financeira.
De forma geral, todos conversamos sobre economia, mas quando o assunto é economia doméstica, quando muito, a prosa fica em alguns sussurros no quarto e, sem diálogo, os relacionamentos vão minguando.
Dinheiro causa divórcios?
Na minha opinião, não. O que causa divórcio é a falta de comunicação sobre o dinheiro. Certamente não é um tema romântico, mas necessário.
Na nossa sociedade é muito comum as pessoas mentirem quando o assunto é dinheiro. No caso dos casais, falta honestidade em relação às finanças de uma ou de ambas as partes. Acabamos desconversando e fingindo que tudo estava bem.
As pesquisas deixam claro que muitos casais enfrentam dificuldades para chegar a um consenso sobre os hábitos de consumo de um e de outro. Também existem dificuldades sobre a melhor forma de administrar as finanças da família.
Mas onde podemos identificar as possíveis brechas? Como saber se o relacionamento possui problemas ao lidar com dinheiro? Como tratar essa questão de forma sólida e clara para evitar tensões e brigas?
Não devemos colocar problemas financeiros acima do amor, porque esses problemas tem solução, passam e as pessoas são muito mais importantes do que a conta bancária, as dívidas e suas parcelas e os investimentos.
A infidelidade financeira é muito mais do que bancar um relacionamento extraconjugal. Ela aparece em situações menores e vão se tornando insuportáveis e insustentáveis. Por exemplo:
- esconder alguma compra do parceiro;
- mentir ou omitir sobre o quanto ganha ou sobre qualquer dinheiro a mais que entra ou sai da conta no mês;
- descumprir o limite de gastos estabelecido dentro do relacionamento com coisas não essenciais;
- esconder problemas financeiros, como dívidas;
- não considerar a opinião do parceiro antes de tomar decisões que possam impactar a renda do casal ou da família, como mudanças de emprego ou trocar de carro.
A descoberta destas situações pode soar como traição financeira e a quebra de confiança pode ser irreversível.
Expert ou leigo?
Qual o nível de conhecimento sobre dinheiro? No casal não é bom um se ver como expert e o outro como leigo. Um pode ter mais interesse no tema finanças, não necessariamente o homem. Muitas mulheres hoje administram, e muito bem, as finanças familiares e aquelas que ainda não fazem já vem estudando bastante o tema.
Porque não investir alguns momentos, ao menos uma vez por mês, para conversar sobre a situação financeira, assim como fazemos para com as viagens, festas, etc?
Não gostam do assunto? Eu tinha um grande amigo, muitos de vocês conheceram, o Antônio Roberto – terapeuta do comportamento, com quem aprendi que temos muito prazer em fazer o que gostamos, mas caso contrário, devemos aprender a gostar do que é preciso.
O dinheiro é uma ferramenta, meio, que só serve para prazer ou necessidade. É importante ter as contas em dia ou uma situação financeira, ao menos, estável para proteção da família, do casal, dos filhos, dos netos, dos pais e dos demais entes queridos.
Falamos muito que tempo é dinheiro, mas não dedicamos tempo ao dinheiro. Tomar pé, o quanto antes, da situação financeira poderá evitar brigas, tensões e sofrimentos. E mais… de acordo com um estudo realizado pelo professor norte-americano Jay Zagorsky, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, o casamento aumenta o patrimônio de um casal em cerca de 93%.
E vocês, homens… estão confortáveis em ver as mulheres atuando nas finanças?
Este vem sendo um aprendizado desafiador. No mercado de trabalho elas ainda recebem menos que os homens, os enxergam como provedores e se sentem mais seguras quando eles decidem sobre finanças. Eles, por sua vez, ainda não admitem ganhar menos que as mulheres.
Mas na vida real isso vem mudando. Segundo a revista Exame, em 2013 a empresa Sophia Mind, com foco em pesquisa e inteligência de mercado, ao realizar uma enquete on-line apontou que:
- 77% das mulheres possuem 50% do poder de decisão das compras domésticas, sendo que entre as casadas o percentual sobe para 91%;
- 39% das casadas contribuem pouco ou nada com as despesas da casa;
- 63% decidem onde e como aplicar o dinheiro junto com o parceiro.
Sem cumplicidade, haverá dificuldade
Para evitar o problema bastaria priorizar a honestidade no relacionamento. Mas até mesmo as diferentes criações que as pessoas têm quando o assunto é dinheiro, impacta na solução.
Por isso, repasso algumas dicas que tem se mostrado muito úteis:
- Converse sobre dinheiro desde o começo do relacionamento – crie uma rotina para falar do dinheiro com naturalidade tanto nos momentos de vacas magras, quanto de vacas gordas. E é claro que com as vacas gordas é muito mais fácil iniciar este processo. Colocar as cartas na mesa permitirá interpretar o tipo de relação que o parceiro tem com o dinheiro, entender as diferenças e as prioridades, aprender a fazer concessões mútuas, agir com transparência e definir responsabilidades.
- Seja transparente sobre renda, despesas, objetivos, dívidas e investimentos – este é um alicerce poderoso para uma vida financeira saudável e sustentável.
- Construa uma reserva para imprevistos, pois se algo der errado ou acontecer uma boa oportunidade haverá mais preparo para lidar com a situação.
- Busque elaborar um orçamento e planejamento financeiro detalhado e focado nos sonhos – antes prevenir do que remediar, pois gastos descontrolados podem impedir a realização de sonhos. Revisá-lo e ajustá-lo periodicamente dará mais segurança. Como?
- Conheça seu DNA financeiro – no gastar ou no guardar dinheiro e conversar sobre finanças em família, tendemos a seguir o exemplo e as atitudes de nossos avós e pais e a replicar tais comportamentos com os nossos filhos. Ter consciência do seu passado é a melhor maneira de mudar seus hábitos – você já sabe os resultados.
- Divida as despesas da casa de forma proporcional aos ganhos – cada um pode ter o seu dinheiro e também entender que dividir as contas é um investimento no próprio relacionamento. Se necessário, faça uma conta conjunta específica e transparente para esta situação. Se um dos cônjuges não gerar renda, pode auxiliar com o dia-a-dia da casa e, desde que saiba controlar, administrar as finanças do lar.
- Respeite os gastos individuais um do outro, permita a independência e aceite as diferenças. Para isso, reserve uma parcela dos ganhos em uma conta não conjunta.
- Utilize a mesada – caso um dos cônjuges não produza renda – e também para educar os filhos financeiramente.
- Pense no futuro – com objetivos e prazos já conversados, tenha disciplina para investir para realizar os sonhos. Para investir, respeite os perfis financeiros e os objetivos coletivos, estando atento que, no curto prazo, as aplicações mais conservadoras são mais indicadas.
Está claro o quanto o mau uso do dinheiro desgasta as relações. Ele faz parte do dia a dia de todas as pessoas e os índices de endividamento e inadimplência mostram que administrá-lo não é uma coisa tão simples. Contrate um educador financeiro para melhorar a silhueta financeira (tal qual se faz com personal trainer) – este é o profissional que pode te ajudar a sair da crise financeira e mostrar formas de economizar e de investir melhor.
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